quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Jean Martin Charcot (1825-1823)



Considerado como o "Napoleão de Neuro-Ciências ', Jean-Martin Charcot foi um dos poucos escolhidos que passou a fazer sucesso no mundo da neurologia. Suas técnicas, descobertas e paixão pelo assunto, fez o 'cérebro e da medula espinhal "o epicentro de todas as inovações médicas para o início do século 19. Charcot foi o fundador da neurologia moderna e há 15 epônimos atrás dele e suas revelações na ciência. Em sua longa e frutífera carreira, Charcot praticado extensivamente neurologia e também desenvolveu o interesse por uma doença rara na época, chamado de histeria, e desenvolveu o termo para uma condição de assassino, conhecido como a esclerose múltipla. Charcot influenciou muitos entusiastas de médicos em todo o mundo, e seus alunos incluíram nomes como Sigmund Freud e Alfred Binet etc Depois ele dominou neurologia, Charcot estabeleceu uma clínica que foi a primeira clínica de seu tipo de especialidade, e atendia apenas neurologia relacionada problemas ou doenças.Seu legado demarcada o caminho para toda uma nova lista de pioneiros no século seguinte, que foram muito influenciados por suas obras e sua contribuição para a ciência.
Infância e infância
Jean-Martin Charcot nasceu em 29 º novembro 1825, na cidade à moda de Paris, na França. Sua família não tinha formação em medicina, e seu pai e avô eram "fabricantes de carroçarias. A partir de uma idade muito jovem, Charcot demonstraram interesse e amor pela ciência. Além disso, sua habilidade e sorte na pintura retratada sua finesse quando se tratava de detalhes minuciosos e desempenhou um papel importante na definição de sua carreira em neurologia; um campo que exigia uma mão muito bem com um toque refinado.
Carreira
Em 1853, formou-se em medicina Charcot e quase imediatamente garantiu um lugar no prestigiado hospital de Salpêtrière e foi aqui que sua carreira cresceu a um ritmo rápido. Em 1853, Charcot cresceu rapidamente a partir de um mero estagiário júnior para o prestigiado 'chef de Clinique ", devido à sua tese incomparável em reumatismo prolongada e como ela difere de outras formas de gota. Isso valeu-lhe muito respeito no hospital e, após o sucesso desta tese, ele recebeu o cargo de Medico chefe no Hospital Central de Paris em 1856.
No início de 1862, com a idade de 37 anos, Charcot trabalhou como médico sênior do Hospital Salpêtrière, em Paris. Em uma idade tão jovem, o crescimento de Charcot era imenso e seus sucessos rápida, mas ele nunca deixou a admiração e orgulho invadida a sua paixão das ciências neurológicas. Apesar de Charcot foi professor na Universidade de Paris e serviu lá para os próximos 30 anos, ocupou o posto médico sênior no hospital. Charcot concentrou seus esforços em todos os aspectos da neurologia e foi o primeiro, no início dos anos 19 º século, para desenvolver e fixar um nome para a doença mortal conhecida como a esclerose múltipla. De acordo com Charcot, a doença poderia danificar as bainhas do cérebro e da espinal-medula conduzindo a convulsões, movimento desacelerado e um certo grau de incapacidade.
Sua paixão pela neurologia desenvolveu a tal ponto que ele estudou e cobriu todos os aspectos do sistema nervoso e do cérebro, e até começou a pesquisar sobre hemorragia cerebral. Havia muitos epônimos associados com Jean-Martin Charcot, e um de seus principais descobertas foi a doença de Charcot-Marie-Tooth ( Pé de Charcot), que ele desenvolveu com a ajuda de outro morador conhecido como Pierre Marie. Através de 1868, ele pesquisou e habitou no assunto da doença de Parkinson, que também estava relacionada com o sistema nervoso central e marcou um importante marco em sua longa carreira.
Anos mais tarde
Durante a guerra franco-prussiana de início da década de 1870, ele se entregou na pesquisa médica relacionada a questões de febre tifóide e varíola. Charcot foi feito professor na divisão de 'Anatomia Patológica' no ano de 1872 e mais tarde foi conferido o cargo de Professor de 'doenças do Sistema Nervoso "no ano de 1882. Ele tinha uma reputação de ser articulado, de fala mansa e dramaturgo em termos de ensino e esta abordagem lhe rendeu muitos elogios neste papel. Este passou a ser o segundo destaque de sua carreira. O terceiro marco surgiu quando, no mesmo ano, ele abriu uma clínica neurológica na Salpêtrière, que se tornaria o primeiro de seu tipo, em toda a Europa. Conhecido por abrir os portais para o campo da Psicopatologia, Charcot escreveu uma série de artigos que ganhou a atenção generalizada de neurologistas em todo o mundo.Sua famosa abordagem clínico-anatômica ", que significava os sintomas em um paciente doente e as lacerações descobertos durante o tempo de post-mortem o ajudou a fazer algumas descobertas incríveis na forma de propriedades tróficas da medula espinhal. Em um estágio, Charcot também estudou hipnotismo para o assunto principal da histeria. Ele realizou várias experiências com pacientes e, eventualmente, acabar com o hipnotismo, porque ele acreditava que não estava ajudando em seu estudo da histeria. O tema da histeria e hipnotismo acabaram por se despedir.
Vida Pessoal  
Jean-Martin Charcot era conhecido por gostar de animais e odiava qualquer tipo de crueldade contra os animais mostrados no contexto de experimentos de laboratório. Charcot também tinha uma paixão indelével para as artes e era um artista muito talentoso. Ele se casou com uma viúva rica, em 1862, chamou a senhora Duvis, e pai de dois filhos com ela. Embora considerasse a arte como um hobby pessoal, ele muitas vezes usado conceitos relacionados com a arte em seu domínio neurologia como ele acreditava que a mesma quantidade de precisão era necessária para ambos os campos.
Morte e legado
Jean-Martin Charcot morreu em 16 º agosto 1893 de uma doença cardíaca pulmonar. No entanto, suas teorias e descobertas ainda vivem em na forma de seus 15 epônimos como a doença de Charcot, síndrome de Spiller, Tríades de Charcot e zonas de Charcot, etc Uma de suas maiores contribuições para a ciência foi o desenvolvimento da investigação neurológica, o que foi possível com autópsias, estudos de longo prazo e análise anatômica. Ele também desempenhou um papel fundamental na descoberta de várias doenças neurológicas que são estudadas hoje. Um tributo final ao nome de Jean-Martin Charcot foi quando seu filho, Jean-Baptiste, um explorador do Ártico, descobriu uma Iisland e chamou-lhe Charcot Island, depois que seu pai celebridade. Com suas habilidades, designações, e sua propensão para neurologia, Charcot foi pioneiro e um nicho no campo da neurologia.
JEAN-Martin Charcot CRONOGRAMA
1825:
Jean-Martin Charcot nasceu em Paris, França.
1848:
Tornou-se um estagiário júnior no hospital Salpêtrière.
1853:
Formado em medicina e assumiu cargo no hospital Salpêtrière como chef de Clinique.
1860:
Nomeado como professor de anatomia patológica da Universidade de Paris.
1862:
Apontado como o Médico sênior no hospital Salpêtrière e se casou com Madame Duvis, uma viúva rica.
1868:
Pesquisou na doença de Parkinson e descobriu várias doenças neurológicas.
1870:
Enquanto a guerra franco-prussiana eclodiu, ele descobriu o procedimento "clínico-anatômica.
1881:
Avanços no campo da doença de Parkinson, outro destaque de sua carreira.
1890:
Charcot sofria de saúde se deteriorou e repetidos ataques de angina.
1893:
Morreu de uma doença cardíaca pulmonar no dia 16 de agosto.

O Mito do Vampiro

Mortos, mas não muito
O mito do vampiro assume as mais diferentes formas e cortes de cabelo, mas sua essência imutável assombra o mundo todo desde o surgimento da civilização. Por que a humanidade inteira precisa desses mortos vivos que bebem sangue?
Texto Álvaro Oppermann


Os japoneses o chamavam de kappa. Os árabes, de alghul. Os chineses temiam sobretudo o kiang shi. Em comum, todas essas criaturas eram vampiros. O vampiro é um ser universal, parte do repertório de civilizações de todo o mundo – dos indianos aos maias, dos bantos africanos aos aborígines australianos. "Que os mortos possam voltar para afligir os vivos é uma crença que se perde na noite dos tempos. E raramente os fantasmas são dotados de boas intenções", diz Claude Lecouteux, autor de História dos Vampiros – Autópsia de um Mito e professor de literatura medieval na Universidade Sorbonne, em Paris, França.
E o que era exatamente um vampiro? Independentemente da cor da pele ou do comprimento do cabelo, era um morto vivo. Tal como os fantasmas, assombrava os vivos. Ao contrário daqueles – por definição incorpóreos – era feito de carne e osso. Saía do túmulo, preferencialmente à noite, e estrangulava ou sugava o sangue de suas vítimas – homens, mulheres, crianças, e às vezes até vacas e cachorros. Nem sempre tinha aparência humana, podendo adotar formas animais (um cão, um cavalo, um corvo, um morcego) ou vegetais (uma moita de urtiga). E mais: bichos perfeitamente saudáveis também podiam, do dia para a noite, tornar-se vampiros. Como explicar uma criatura tão ubíqua quanto improvável?

Os vampiros no mundo
Para entender o vampiro, é preciso primeiro compreender o mundo dos nossos ancestrais. Até o fim da Idade Média, ninguém cogitava uma explicação racional ou científica para "mortos" que voltavam à vida ou defuntos naturalmente mumificados. Ressurreições miraculosas ou diabólicas eram quase cotidianas. Segundo os cronistas da época, santos voltavam depois da morte para operar milagres, como santa Liduvina de Haia, em 1433, ou seu corpo não apodrecia, como ocorreu com santa Catarina de Bolonha, em 1463. Isso aumentava o fervor popular. Já os vampiros saíam do seu túmulo para espalhar o terror. Seu corpo se recusava igualmente a apodrecer. Alguns, do sexo masculino, eram encontrados com o pênis em ereção dentro do caixão. Inteiramente nus, pois comiam a sua mortalha. Num caso narrado por um monge alemão do século 12, um vampiro estuprou fiéis dentro de uma igreja – moças e anciãs..
Esses detalhes obscenos chocavam o homem desde a Antiguidade.
Para o homem medieval, explicar o vampirismo era simples: Diabolus simia Dei. Traduzindo: era uma forma de Satã imitar Deus. As maldades e estripulias do vampiro eram o equivalente maligno dos milagres dos santos medievais. Nesse clima, até Martinho Lutero teve de se ver frente a um caso de vampirismo, em princípios do século 16, na cidade alemã de Wittenberg. Sua resposta ao problema, é claro, foi teológica: "Se o povo não acreditasse em tais coisas, isso não lhes causaria mal algum, pois se trata de uma prestidigitação diabólica". Depois, ao que consta, Lutero orou ao lado do túmulo do suposto vampiro, que nunca mais importunou a cidade.
Vampiros também tinham o poder de tomar outras formas que não a sua original em vida. Muitos se transfiguravam em ratos, morcegos, mas também em mulheres sedutoras. Na Grécia do ano 217, o filósofo Apolônio de Tiana teria desmascarado a noiva do amigo Mênipo em plena festa de casamento: ela seria uma empusa, denominação dada às belas sanguessugas de maridos incautos. A noiva apresentava traços inequívocos de um vampiro (segundo os critérios da Grécia antiga): a fixidez das pupilas e o medo ao manjericão, planta tida como mágica. Desmascarada, a empusa atirou-se ao mar, e seu corpo nunca foi encontrado.
Ainda sobre vampiras casamenteiras: na China do século 9 surgiram duas noivas exatamente iguais em uma cerimônia. Uma delas era um kiang shi. A noiva verdadeira, subindo nas tamancas, convidou a impostora para resolverem o assunto numa sala adjunta ao salão principal. Má idéia. Quando as duas entraram no recinto fechado, os convidados ouviram um grito horrendo. Acorrendo ao local, descobriram, para terror geral, a noiva morta, tendo ao seu lado um assustador pássaro negro, que, voraz, bebia o seu sangue e bicava as suas vísceras. Muitos kiang shi possuíam longas cabeleiras esverdeadas ou esbranquiçadas, fruto da ação de fungos nos caixões. Já os vampiros femininos da Arábia tinham cabelos negros belos e sedosos. Na Arábia, as rotas comerciais para a China ou para a Síria eram infestadas de alghuls, os traiçoeiros vampiros do deserto, que inspiraram até As Mil e Uma Noites.
E por que existiam vampiros? Para os chineses, o homem tinha uma alma superior (hun) e outra inferior (p’o). Os restos mortais, quando intactos, podiam ser tomados integralmente pela parte baixa do ser. Numa reação alquímica com o sol ou a lua, o cadáver era animado de volta à vida – compreensivelmente, com as piores intenções possíveis. Na Europa medieval, todavia, tudo girava em torno da questão moral: quem morria em pecado grave ou ia para o inferno ou ficava preso a esta vida sob uma forma degradante, como a dos vampiros. Alguns já recebiam a condenação em vida, alternando o estado humano com um estado monstruoso. Era o caso dos lobisomens. Muitos lobisomens, ao morrer, viravam vampiros.

Transilvânia e adjacências
Se havia vampiros em todo o mundo, na Europa Oriental eles saíam pelo ladrão. Na região onde hoje está a Romênia, cada tipo de transgressão moral correspondia a um tipo de sanguessuga diferente. O nosferatu, por exemplo, era uma criança natimorta não batizada que, enterrada, voltava à vida, transformando-se em gato, escaravelho ou até fio de palha. O murony, comum na Valáquia (reino de Vlad Drakul, que inspirou o mais famoso dos vampiros ficcionais), nascia da relação ilegítima de dois filhos ilegítimos. Morto, se metamorfoseava em rã, piolho ou aranha. Um bastardo morto pela mãe depois do parto, e enterrado sem batismo, se transformava em moroiu – uma moita ardente de 2 metros de altura. Os assassinos e os sacrílegos tinham outro destino funesto. Tornavam-se strigoi, seres de aspecto horrendo: altos, corpulentos, olhos vermelhos, unhas iguais a foices e caudas peludas. Ao saírem do túmulo, de dia ou à noite (poucas lendas vampirescas mencionam a aversão ao Sol), levavam a peste aos rebanhos. Os ucranianos, russos e bielo-russos conheciam o mjertovjec, "o morto que anda" – castigo dos ladrões, estelionatários, bruxas e homossexuais. Seus ossos faziam barulho, aterrorizando os vivos. Quando se abria sua tumba, reconhecia-se facilmente a sua natureza, pois estava deitado de bruços. Era desprovido de nariz, e seu lábio inferior era fendido.
A profusão de nomes era tamanha que é impossível contabilizar o número exato de tipos de vampiros. Um site chamado Shroudeater ("comedor de mortalha", em inglês) listou mais de 700, mas reconhece que a lista está incompleta.
Surtos de vampirismo eram relativamente comuns. O caso mais bem documentado ocorreu na cidade sérvia de Medvegia, em 1732. Tudo começou porque um arquiduque, Arnold Paole, suposto vampiro, matou 15 pessoas. Pelo menos 7 delas viraram sanguessugas. Como se sabia quem era ou não vampiro? Simples. Abrindo o caixão. Lá dentro, o rosto do suspeito vampiro era encontrado bem corado. Seu corpo não apodrecia. Às vezes, seus olhos e membros tinham movimentos. A exumação de túmulos em casos de suspeita de vampirismo se tornou tão comum que o papa Bonifácio 8º, em 1302, promulgou uma lei contra "esse hábito detestável". Por fim, em 1755, a imperatriz austro-húngara Maria Tereza proibiu a "execução" de cadáveres nos seus domínios (que compreendiam a Transilvânia e outros "picos" muito freqüentados pelos mortos vivos). Isso não impediu que o povo continuasse, por baixo dos panos, apelando para a decapitação e mutilação dos corpos suspeitos.

A invenção de Drácula
Esses fenômenos acabaram rendendo pano pra manga aos escritores. Em 1486, na França, surgia um manual da Inquisição que entre outras coisas detalhava a ação de vampiros: O Martelo das Feiticeiras, dos inquisidores Jacques Sprenger e Henry Institoris. O termo "vampiro" (do sérvio vampir), no entanto, só surgiu em língua ocidental no século 18. Até então, os europeus do oeste não os distinguiam claramente dos fantasmas. Foi o suficiente para que houvesse uma enxurrada de novelas, peças e óperas sobre vampirismo. Byron, Baudelaire e Alexandre Dumas trataram do assunto. O mito moderno, porém, foi sedimentando por Drácula, do inglês Bram Stoker, de 1901. Na história, o vampirólogo Abraham van Helsing explica tudo o que se deve saber sobre vampiros: a nutrição pelo sangue alheio, a metamorfose em rato, morcego ou outro animal, a morte pela estaca ou pela decapitação.
Stoker, contudo, não deixou de fazer as suas inovações. A maior delas, associar o conde à figura histórica real de Vlad 3º, o Empalador (1431-1476), herói nacional romeno. Misto de tirano e brilhante estrategista, ele conteve o avanço otomano no seu principado da Valáquia, ao sul da Romênia atual, com expedientes brutais, como a empalação de inimigos e traidores. Drácula, em romeno, quer dizer "filho do dragão". Era um título honorífico. Vlad pertencia à Ordem do Dragão, um grupo de cavaleiros empenhados na defesa das fronteiras cristãs contra a ameaça turca. O nome nada tinha de maligno ou diabólico. "É como se um romeno escrevesse uma história em que George Washington bebesse sangue humano", afirma o escritor romeno Andrei Cedrescu.

O vampiro à luz da ciência
As explicações racionais para o vampirismo começaram a surgir a partir da década de 1730. Mentes iluminadas analisaram as informações médicas dos séculos 14 e 15 para demonstrar que as mortes em série atribuídas a vampiros eram, na verdade, fruto de epidemias. Tratava-se de casos de cólera – daí os rostos rubicundos dos vampiros –, ou da peste. A ausência de decomposição de certos cadáveres exumados justificava-se pela natureza seca do lugar do sepultamento.
Em 1742, um pequeno tratado do médico parisiense Jacques Bénigne Vinslow sugeriu que os indivíduos encontrados nus nos caixões haviam sido, na verdade, enterrados vivos e, em desespero, devoraram as próprias mãos e mortalhas. Na maior parte das vezes, vítimas de catalepsia – estado patológico que provoca imobilidade total e costumava levar a diagnósticos falsos de morte.
Até mesmo a ereção do pênis defunto tinha explicação. O erudito Michael Ranft, no século 18, afirmava: "O pênis, de natureza esponjosa, pode erguer-se espontaneamente se um líquido ou sopro penetrar na artéria hipogástrica".
Em 1997, o químico Wayne Tikkanen, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, propôs que o vampiro seria um doente acometido de porfiria, doença hereditária que provoca retração dos lábios e malformação dentária, necrose dos dedos e do nariz e escurecimento da pele, que se torna muito sensível aos raios ultravioleta. Tikkanen diz que muitos doentes se escondiam em caixões para se proteger do sol. Já o neurologista espanhol Juan Gómez-Alonso constatou, em 1998, semelhanças entre os vampiros e as pessoas acometidas de raiva: têm insônia e perambulam à noite, são agitadas e sensíveis à água. Algumas apresentam contrações da face, da laringe e da faringe, que provocam a emissão de sons roucos, e até de uma espuma sanguinolenta na comissura dos lábios, pois a saliva não pode mais ser engolida. Essas teorias, deve-se dizer, não são consenso na comunidade científica.
Do ponto de vista sociológico, o vampiro também foi explicado. Em 1997, os estudiosos Gábor Klaniczay e Karin Lambrecht fizeram uma descoberta curiosa: a explosão de casos de vampirismo coincidiu com o fim da caça às bruxas e tomou o seu lugar, numa necessidade do povo de exorcizar seus demônios e de explicar os males que os atingiam.
Nada disso, porém, desfez o fascínio da criatura sanguinária. Como justificá-la? Por que tantas lendas sobre um bebedor de sangue? "O mito do vampiro nasce do nosso medo da morte e do desconhecido. Era preciso criar o horror, aquilo que perturba um sistema ou uma ordem", diz a psicanalista búlgaro-francesa Julia Kristeva. O psiquiatra e antropólogo carioca Eugênio Flacksman vai além: "A crendice popular é reflexo do psiquismo humano", afirma. "O vampiro personificava a inveja, o desamparo psicológico. O invejoso suga a nossa vida".
Eugênio afirma que, simbolicamente, o sangue pode significar vida – é assim na medicina chinesa e no Antigo Testamento, por exemplo. "Por isso não é de todo despropositado o uso de termos como ‘vampiro emocional’, que anda tão em voga hoje em dia", diz. Servindo de bode expiatório às culpas, temores e desejos ocultos de pacíficos aldeões, o vampiro, num processo de projeção, as encarnou, acalmando a consciência coletiva. Em pleno século 21, foi-nos reservada a descoberta final: na verdade, todos somos vampiros.

Camazotz
Onde ocorre: México e Guatemala.
Como é: É o deus-morcego dos maias, com dentes enormes e afiados, asas e garras. Há evidências de que a criatura é inspirada em um enorme morcego hematófago que povoava a região, mas já está extinto.

Strigoi
Onde ocorre: Romênia.
Como é: Este morto vivo mantém mais ou menos a aparência da pessoa original.Só mais ou menos: o defunto desenvolve cauda e pêlos cobrem sua pele. O strigoi anda descalço, nu ou vestindo apenas uma camisola. Sai do túmulo à meia-noite, carregando o caixão nas costas.

Kiang Shi
Onde ocorre: China.
Como é: Tem unhas longas e curvas, cabelo comprido, olhos estáticos e vermelhos e pele esverdeada. Voa e, além de chupar sangue, é dono de um hálito verdadeiramente venenoso. Para detê-lo, basta um monte de arroz: o kiang shi se vê obrigado a contar todos os grãos.

Kappa
Onde ocorre: Japão.
Como é: Trata-se de uma criatura humanóide perversa, pequena e verde. Muitas vezes é parecida com uma criança, mas outras tantas assemelha-se a um sapo ou lagarto. Os kappas atacam animais e sugam seu sangue pelo ânus, além de estuprar mulheres e roubar o fígado das pessoas.

Mjertovjec
Onde ocorre: Rússia, Belarus e Ucrânia.
Como é: Sua aparência é abominável: não possui nariz e tem o lábio inferior fendido. A deformidade, no entanto, não impede que o mjertovjec seja um exímio cavaleiro. Sementes de papoula atraem esse ser, que as seguirá até a sua tumba.

Quem eram os vampiros? Os suspeitos formavam uma multidão. Havia os malfeitores, os perjuros, os enforcados e os feiticeiros. Também os ruivos, os bastardos, os fumantes em dias sagradose os que não comiam alho. Quase ninguém podia bobear. Conheça alguns motivos para virar vampiro:

Pacto com o diabo
Para o homem medieval, quem em vida fizera um pacto expresso com o diabo ressuscitava para atrair os cadáveres de cristãos e de crianças inocentes enterradas perto dele.

O 7º filho do 7º filho
Crença do povo da Transilvânia. Para os italianos, esse rebento escolhido se transformava em lobisomem.

Sexo com a avó
O rapaz que encarasse a parada era candidato a vampiro. Segundo os habitantes da Dalmácia, se transformava em orko, bebedor de sangue de traços monstruosos. Daí se originou a palavra "ogro".

Nascimento monstruoso
Uma criança nascida deformada era mau agouro. Despertava suspeitas sobretudo sobre o pai, que poderia ser um vampiro, um diabo ou outro espírito maligno.
Casamento com uma bruxa
Mulheres suspeitas de feitiçaria davam má fama até para o marido. Ao morrerem, saíam do túmulo e vampirizavam o cônjuge.

Criança sem batismo
A criança gritava do túmulo, implorando por batismo. Se não fosse atendida, pimba! Renascia como vampiro.

Criança devoradora
No parto, descobria-se que a criança, no ventre, devorara parte da membrana amniótica. A membrana era incinerada e suas cinzas, espalhadas sobre o recém-nascido para livrá-lo do mal.

Despistar no cortejo
No cortejo fúnebre de um suposto vampiro, costumava-se desorientá-lo com um longo trajeto da igreja até o cemitério. Isso, dizia-se, fazia com que ele perdesse o senso de orientação e, conseqüentemente, não encotrasse o caminho para voltar e atazanar os vivos.

Amuletos
Era comum a utilização de amuletos, colocados junto ao vampiro no caixão. Um dos mais conhecidos era o Bilhete de São Lucas, um conjunto de orações para impedir que o defunto suspeito saísse da tumba.

Incenso e alho
Incenso era usado para tampar os olhos, a boca e as narinas do defunto, para ficar imune às tentações de Satanás. O alho era inserido no ânus (os autores antigos, por delicadeza, não entravam em detalhes desse procedimento).

A cruz
O símbolo do cristianismo, é claro, não deixava de ser um instrumento de combate poderoso contra os vampiros. E funcionava que era uma beleza, não importando se havia uma cruz de verdade ou se alguém simplesmente fazia o sinal da cruz com os dedos.

Execuções
Muito comum, incluía a famosa cunha de madeira no coração e uma eventual decapitação. Quase sempre, um carrasco era designado para essas execuções póstumas.

Cozimento em vinho
Serviço para ciganos e estrangeiros. Após a lenta cocção do vampiro desmembrado, ninguém comia a carne. Ela era enterrada de volta.

Vampirização
A lógica é a seguinte: beber o sangue de um vampiro imuniza contra a ação do dito-cujo.

História dos Vampiros – Autópsia de um Mito de Claude Lecouteux. Editora Unesp, 2003
Shroudeater (Dicionário de vampiros – em inglês). www.shroudeater.com

domingo, 15 de dezembro de 2013

Transforma-se o amador na coisa amada - Luiz Vaz de Camões (1524-1580)



Eros e Psiquê -  Escultura de  Antonio Canova (1877-1894)


Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sómente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,
Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.
                   Luís de Camões

Neuroanatomia Funcional - Angelo Machado, 2ed





Esta nova edição inclui um novo capítulo sobre o tecido nervoso, escrito pela professora Conceição R. s. Machado, do Departamento de Morfologia da UFMG. O livro, feito pelo estudioso brasileiro Angelo Machado, é didático e com assunto bem dividido, com ênfase dada aos aspectos da aplicação clínica e da fisiopatologia de grande número de afecções neurológicas, o que torna o livro útil não só a estudante de medicina e psicologia, mas a todos os profissionais envolvidos do estudo do sistema nervoso. 

Este é um livros mais recomendados  aos alunos de medicina, psicologia neurofisiologia. Baixe pelo link abaixo 

Download:

A Arte e o Cérebro no Processo da Aprendizagem

Profa. Celeste Carneiro


FACILITANDO A APRENDIZAGEM
Com as recentes pesquisas sobre o funcionamento do cérebro, a Teoria das Inteligências Múltiplas, a avaliação das aptidões cerebrais dominantes, e técnicas que foram criadas para acelerar a aprendizagem, tornou-se muito mais fácil aprender e gravar na memória o que estudamos.
Psicólogos, neurologistas e pesquisadores vêm escrevendo os resultados desses estudos, esclarecendo-nos e deixando-nos entusiasmados com os resultados obtidos por quem utiliza essas técnicas.
O LADO DIREITO DO CÉREBRO
A grande maioria das pessoas foi acostumada a pensar e agir de acordo com o paradigma cartesiano, baseado no raciocínio lógico, linear, seqüencial, deixando de lado suas emoções, a intuição, a criatividade, a capacidade de ousar soluções diferentes.
António Damásio, respeitado e premiado neurologista português, radicado nos Estados Unidos e com muitos trabalhos publicados, em seu recente livro O erro de Descartes, afirma que  “o ponto de partida da ciência e da filosofia deve ser anti-cartesiano:  "existo (e sinto), logo penso”.
A visão do homem como um todo, é a chave para o desenvolvimento integral do ser.

Mandala - Autora: Iraci Santana.Utilizando mais o hemisfério esquerdo, considerado racional, deixamos de usufruir dos benefícios contidos no hemisfério direito, como a imaginação criativa, a serenidade, visão global, capacidade de síntese e facilidade de memorizar, dentre outros.Através de técnicas variadas poderemos estimular o lado direito do cérebro e buscar a integração entre os dois hemisférios, equilibrando o uso de nossas potencialidades.
Uma dessas técnicas consiste em fazer determinados desenhos, de forma não convencional, de modo que o hemisfério esquerdo ache a tarefa enfadonha e desista de exercer o controle total, entregando o cargo ao hemisfério direito, que se delicia com o exercício.
O uso de música apropriada que diminui o ritmo cerebral, também contribui para que haja equilíbrio no uso dos hemisférios cerebrais.
Há pesquisadores que sugerem a música barroca, especialmente o movimento “largo”, que causa as condições propícias para o aprendizado.  Ela tem a mesma freqüência que um feto escuta e nos direciona automaticamente ao lado direito do cérebro, fazendo com que as informações sejam gravadas na memória de longo prazo.
Músicas para relaxamento, como as “new age”, surtem os mesmos efeitos.
Nossa mente regula suas atividades através de ondas elétricas que são registradas no cérebro, emitindo minúsculos impulsos eletroquímicos de variadas freqüências, podendo ser registradas pelo eletroencefalograma.  Essas ondas cerebrais são conhecidas como:
Beta, emitidas quando estamos com a mente consciente, alerta ou nos sentimos agitados, tensos, com medo, variando a freqüência de 13 a 60 pulsações por segundo na escala Hertz;
Alfa, quando nos encontramos em estado de relaxamento físico e mental, embora conscientes do que ocorre à nossa volta, sendo a freqüência em torno de 7 a 13 pulsações por segundo;
Teta, mais ou menos de 4 a 7 pulsações, é um estado de sonolência com reduzida consciência;  e
Delta, quando há inconsciência, sono profundo ou catalepsia, emitindo entre 0,1 e 4 ciclos por segundo.
As duas últimas são consideradas patológicas.
Geralmente costumamos usar o ritmo cerebral beta.  Quando diminuímos o ritmo cerebral para alfa, nos colocamos na condição ideal para aprendermos novas informações, guardarmos fatos, dados, elaborarmos trabalhos difíceis, aprendermos idiomas, analisarmos situações complicadas.
A meditação, exercícios de relaxamento, atividades que proporcionem sensação de calma,  também proporcionam esse estado alfa.
De acordo com neurocientistas, analisando eletroencefalogramas de pessoas submetidas a testes para pesquisa do efeito da diminuição do ritmo cerebral, o relaxamento atento ou o profundo, produzem aumentos significativos de beta-endorfina, noroepinefrina e dopamina, ligados a sentimentos de clareza mental ampliada e de formação de lembranças, e que esse efeito dura horas e até mesmo dias.  É um estado ideal para o pensamento sintético e a criatividade, funções próprias do hemisfério direito.
Como é fácil para este hemisfério criar imagens, visualizar, fazer associações, lidar com desenhos, diagramas e emoções, além do uso do bom humor e do prazer,  o aprendizado será melhor absorvido se estes elementos forem acrescentados à forma de se estudar.
USO INTEGRAL DO  CÉREBRO
O ideal é que nos utilizemos de todo o potencial do cérebro, riquíssimo, surpreendente!
Quando levamos uma vida inteira exercitando quase que só as funções do hemisfério esquerdo, ou só o lado direito, ocorrem as doenças cerebrais degenerativas, tão temidas, como o mal de Alzheimer, por exemplo.
Necessitamos, portanto, estimular as diversas áreas do nosso cérebro, ajudando os neurônios a fazerem novas conexões, diversificando nossos campos de interesse, procurando nos conhecer melhor para agirmos com maior precisão e acerto.
Howard Gardner, o psicólogo americano criador da Teoria das Inteligências Múltiplas, identificou inicialmente sete tipos de inteligência no ser humano que são estimuladas e expressas de formas diferentes, de acordo com cada pessoa. São elas:
  • verbal/linguística;
  • lógica/matemática;
  • musical; corporal/cinestésica;
  • visual/espacial;
  • interpessoal;
  • intrapessoal.

Atualmente foi acrescentada a inteligência naturalista e a existencial, estando esta última ainda em estudo.
A Teoria das Múltiplas Inteligências deverá ser aplicada não apenas com os diversos indivíduos, para atingir cada pessoa, de acordo com o seu ponto de interesse, mas em nós mesmos, buscando desenvolver cada tipo de inteligência que trazemos em estado latente.
Foi desenvolvido nos Estados Unidos um sistema de avaliação das aptidões cerebrais dominantes, utilizado também por alguns escritores nacionais e que mostra com clareza quais as áreas do cérebro que damos maior preferência e, daí, é feito um perfil psicológico da pessoa, sua maneira de agir na vida, qual o lugar de sua preferência numa sala de aula, como melhor aprende, etc.  A esse resultado, temos acrescentado outros elementos, dentro de uma visão holística do ser humano, que tem ajudado bastante as pessoas.
Conhecendo as áreas que são mais estimuladas, passa-se então a praticar uma série de exercícios para ativar as regiões menos utilizadas, de modo que, com o passar do tempo, nossa capacidade de agir como um ser humano integral estará bastante aprimorada.
Seremos lógicos e intuitivos, práticos  e sonhadores, racionais e emotivos, seguiremos os padrões vigentes e utilizaremos a nossa criatividade, teremos “os pés no chão e a cabeça nas estrelas”...  Seremos, enfim, do céu e da terra, captando todos os ensinamentos com facilidade, independente da faixa etária. Isto nos tornará muito mais capazes e autoconfiantes.


EXPERIÊNCIA COM O HEMISFÉRIO DIREITO


Figura humana de imaginação (acima)  e, à direita, de observação.

Autora: Nazareth Bastos, 1993.





Desde 1992, quando iniciamos a coordenar o curso DLADIC – Desenvolvimento do lado direito do cérebro, onde utilizamos o desenho como pretexto para atingir os nossos objetivos, que vimos nos surpreendendo com o manancial riquíssimo que possuímos, armazenado em nosso cérebro, aguardando as condições propícias para se manifestar.
Nesse período, passaram pelo curso mais de trezentas pessoas.  Cada uma com um interesse diferente, com uma motivação própria.
Quase todas, nos primeiros contatos, afirmavam ser incapazes de fazer qualquer tipo de desenho, de criar alguma coisa, de prestar atenção ou se concentrar em algo.
No decorrer do processo de desbloqueamento, essas pessoas iam ficando surpresas com os resultados visíveis nos seus trabalhos artísticos e com a descoberta de uma nova forma de ver o mundo e de ver-se a si mesmas.
Um dos primeiros exercícios é o de atenção, concentração, meditação.  
Utilizando uma folha de papel tamanho ofício, sem tirar o lápis do papel, o aluno vai traçando linhas retas horizontais e verticais que se cruzam, formando uma composição. Após preencher a folha de acordo com o seu gosto, pode consertar as linhas que ficaram mais tortas e, em seguida, contorná-las com hidrocor preto e pintar as formas que as linhas fizeram de modo que desligue temporariamente o hemisfério esquerdo a fim de dar vazão ao hemisfério direito, enquanto ouve-se música relaxante ou subliminar, em profundo silêncio, meditando sobre as seguintes questões:





  • O que senti com a limitação de não poder tirar o lápis do papel, de só poder fazer linhas retas horizontais e verticais?
  • Como reajo quando sou limitado nos meus gestos, quando tenho de seguir orientações vindas de fora de mim mesmo?
  • Como convivo com isso no meu dia-a-dia?
  • O que senti quando fui liberado para consertar o que errei?
  • O que o erro representa para mim?
  • Como convivo com as coisas simples?
  • Em que o desenho se parece comigo, com a minha forma de ser?
  • Na minha vida tem muitos labirintos? Tem muitos espaços inacessíveis? É uma vida clara, alegre, aberta para acolher o outro?
  • Como lido com a minha vida?
  • Tenho facilidade para me deixar conduzir pelo fluxo da vida, não apressando o rio?

São questionamentos que a pessoa vai fazendo e respondendo a si mesma, sem externar para os outros, se assim o quiser. Inclusive os próprios desenhos, que são utilizados como pretextos para ter acesso ao lado direito do cérebro, não precisam ser mostrados a ninguém.  É um momento íntimo, pessoal, onde nos damos o direito de ser o que somos, com erros e acertos, sem censuras nem justificativas, arriscando a exploração de um campo novo e cheio de surpresas.  É um caminho para o autodescobrimento.
Nesse exercício vemos alunos realizando trabalhos quase perfeitos num prazo de uma aula, e passando duas a três aulas para corrigir o que foi feito!  Outros, se negam a consertar, dizendo:  “minha vida é assim mesmo, cheia de traços tortuosos, não quero corrigi-los.”  Alguns mostram-se confusos com a simplicidade da proposta, tão acostumados estão com a complexidade dos desafios que enfrentam diariamente.  E refazem o exercício várias vezes, até conseguirem atender a contento a orientação dada...
Estando pronto o trabalho, a alegria é estampada no rosto diante da composição inesperada.  Às vezes colocam no quadro, emoldurando-a, sentindo-se artistas.
Dessa composição, estimulamos a criatividade sugerindo a infinidade de novos trabalhos que poderão surgir a partir de pequenos detalhes ampliados e explorados com os mais diversos materiais e para as mais variadas finalidades:  mural, divisória, painel, quadros a óleo, colagens, objetos tridimensionais, etc. No exercício para desenvolver o poder mental, vemos aqueles que estão acostumados à meditação, à busca do crescimento espiritual, se entregarem à tarefa com determinação, conseguindo colocar no papel o que visualizou e dando um colorido forte, rico em contrastes, prosseguindo em casa com as variações desse mesmo trabalho.  Já os que não se preocupam muito com estas questões sentem mais dificuldade e precisam de um maior assessoramento.
Trabalhando com a criatividade, aproveitamos o desenho de observação para uma nova composição, onde o objeto do desenho é dissolvido, passando a ser parte do processo criativo, misturando-se com o todo.  Tiramos parte desse trabalho, ou detalhes para novas criações, como se fosse uma cornucópia de onde saem sempre novas idéias.
Com esse exercício chamamos a atenção para o trabalho em equipe.  A importância de cada componente para que o grupo ou a empresa sobressaia.  Quando destacamos alguém da equipe, por mais insignificante que seja, poderemos estimulá-lo e ver surgir um rico potencial de grande utilidade e beleza.  Quando valorizamos um pequeno grupo da equipe, o rendimento também pode ser bem melhor.  Também ressaltamos a importância de respeitar os limites, os espaços.
Num estágio mais adiantado trabalhamos com o desbloqueio dos vícios de observação e a flexibilidade mental.
Nas tarefas recebidas, o aluno vai  esquecer o nome dado às coisas e procurar ver o real, sem simbolismo algum, exatamente o que está à sua frente. Por vivermos distanciados do real, do verdadeiro, sofremos tanto!  Imaginamos tantas coisas diante de um fato, de um gesto, de um acontecimento, quando o significado real era outro, completamente diferente do imaginado!
Neste trabalho, é solicitado a ver as situações por diversos ângulos: por dentro, por fora, comparando tamanhos, aberturas, distâncias...  Saindo da parte para o todo e vice-versa, de forma constante, num estado de relaxamento atento, esquecido do tempo e das preocupações que tinha nos momentos que antecederam a aula.  É sugerido que leve a experiência para o dia-a-dia, procurando descobrir sempre novas soluções para os problemas e desafios da vida, evitando não cristalizar idéias e pontos de vista.
Estimulamos a observação atenta do companheiro que trilha conosco o mesmo caminho na vida, flexibilizando a mente para olhá-lo sem os conceitos e preconceitos que enraizamos em nós mesmos ao longo da convivência. Por mais tempo que tenhamos de convivência, não conhecemos ninguém o suficiente, pois todos nós estamos em processo contínuo de mudança.  E cada pessoa é sempre uma incógnita que nos surpreende.
Utilizamos nesse exercício a figura humana em desenhos realizados com traços, a lápis ou bico de pena.
No decorrer do curso algumas pessoas saem e dão um tempo.  Depois voltam e me dizem que determinado trabalho mexeu tanto com elas que resolveram fazer terapia ou se trabalharem melhor em determinado aspecto que não tinham dado a devida importância antes.
Outras, com um pequeno estímulo, descobrem o potencial artístico que têm e se lançam no mundo das artes, criando e pintando quadros que são levados à exposição até em outro estado do Brasil.  Uma dessas alunas, fez apenas um mês de aula e passou a pintar quadros, viajando em seguida por vários países, descobrindo coisas novas,  deixando dois painéis seus num restaurante da Nova Zelândia.
Vemos crianças conseguindo concentrar-se em casa para fazer os seus deveres estudantis, adolescentes encontrando mais facilidade na aprendizagem das matérias escolares, adultos escrevendo melhor, compreendendo a comunicação não-verbal, lendo mais e conseguindo um maior relaxamento diante das tensões diárias.  Idosos empregando o seu tempo na aquisição de maiores conhecimentos, na realização de antigos sonhos, na descoberta de suas potencialidades.
A música, o silêncio interior e exterior, os exercícios de desenho, de criatividade, as mandalas e, em algumas ocasiões, a videoterapia, têm sido fortes aliados na conquista dessa riqueza íntima que possuímos e não sabíamos ser possuidores.
Com os avanços das pesquisas sobre o cérebro, acrescentamos novas abordagens a este curso, visando o uso de todo o potencial do cérebro, procurando equilibrar o hemisfério esquerdo com o hemisfério direito. Passou então a ser chamado Criatividade e Cérebro, para aulas em grupo e Em busca da harmonia, para ser mais feliz, para o atendimento individual.
Atualmente, encontram-se à disposição de quantos queiram estar preparados para o novo milênio, os mais diferentes recursos de crescimento interior, divulgados pelos mais diversos meios,  através de profissionais interessados na formação de uma nova sociedade.  É só buscar...
Os desenhos enviados são de pessoas sem nenhuma experiência nessa área, que tinham dificuldade de concentração, memorização e criatividade
Bibliografia:
Desenhando com o lado direito do cérebro – Betty Edwards - Ediouro
Aprendizagem e criatividade emocional – Elson A. Teixeira  –  Makron Books
Cérebro esquerdo, cérebro direito -  Springer e Deutsch – Summus Editorial
Alquimia da Mente – Hermínio C. Miranda – Publicações Lachâtre
Viver Holístico – Patrick Pietroni – Summus Editorial
Revista Planeta, nº 201 – junho 1989
Revista Globo Ciência, ano 4, nº 39
Revista Nova Escola – Setembro 1997
Autora

Celeste Carneiro é orientadora do curso Criatividade e Cérebro, Facilitando a Aprendizagem, Mandalas Terapêuticas, e outros que visam estimular os hemisférios cerebrais.
É artista plástica, educadora e terapeuta.  E-mail:  cel5@terra.com.br

O Cravo - O Instrumento e Sua História



Erroneamente tido como precursor do piano, o cravo difere muito desse instrumento, entre outras coisas porque suas cordas são tangidas, e não percutidas.
Instrumento musical de cordas e teclado, que atingiu o apogeu na primeira metade do século XVIII, o cravo foi praticamente abandonado durante o século seguinte. No início do século XX, a redescoberta dos antigos mestres e a divulgação de um imenso e valioso repertório, produzido durante cerca de 300 anos, da Renascença ao barroco, reabilitou o cravo.
O som do cravo é produzido por meio de plectros, que puxam as cordas e as fazem vibrar, exatamente como os dedos fazem soar a corda do violão. No passado, esses plectros, montados em pequenos dispositivos denominados saltadores, eram feitos da parte dura das penas das aves, principalmente ganso ou corvo; hoje se usa um tipo de plástico, o delrin.
Uma das particularidades do cravo é a capacidade de registração, isto é, a possibilidade de obter sons diversos ao se tocar a mesma tecla. É que, para cada nota do teclado, existem três ou quatro cordas separadas, cada qual com um saltador exclusivo, e que, por terem diferentes tamanhos ou espessuras, ou por serem feridas pelos plectros em diferentes pontos de sua extensão, produzem sons diversos. Por exemplo, ao tocar um lá no teclado, pode-se obter um som arredondado, ou mais anasalado, ou um som de alaúde, ou fazer soar o lá uma oitava acima ou abaixo. A possibilidade de se combinarem essas diferentes cordas, ou tocá-las juntas, aumenta a versatilidade do instrumento e multiplica os recursos de execução.
O cravo foi o instrumento de todos os compositores para teclado no século XVII e na primeira metade do século XVIII: Bach, Haendel, Domenico Scarlatti, Couperin e Rameau são os maiores nomes. As obras de Mozart, com exceção dos concertos para piano e orquestra, em sua maioria se destinavam ao cravo. As primeiras sonatas de Beethoven também foram executadas no cravo.
Supõe-se que o cravo deriva do saltério ou címbalo, forma rudimentar da cítara, cujas cordas eram acionadas por meio de um plectro ou palheta de pena de ave. O cravo teria nascido da idéia de equipar esse instrumento com uma palheta para cada corda e acionar o conjunto de cordas por meio de um teclado, e dessa forma enriquecer as possibilidades do saltério.
O cravo mais antigo que se conhece está no Victoria e Albert Museum de Londres. Na Inglaterra, França, Espanha e também nos domínios dos duques de Borgonha no século XIV, há menções ao eschequier, descrito numa carta de João I de Aragão a Filipe II o Audaz, duque de Borgonha, como "um instrumento igual ao órgão, mas que soa por meio de cordas".
A Itália tornou-se o primeiro centro de produção de cravos, e os espalhou por toda a Europa até o surgimento dos modelos produzidos pela família Rückers, da Antuérpia, na segunda metade do século XVI. Tais modelos passaram a influenciar toda a produção européia e notadamente a da França.
O século XVIII assistiu ao apogeu e declínio do cravo. Foi a base da orquestra da época e, graças a sua sonoridade, foi o instrumento dominante nos teatros e igrejas. As críticas desfavoráveis começaram na segunda metade do século XVIII, quando os novos estilos musicais impunham uma execução com nuanças entre o forte e o fraco, com crescendos e diminuendos, impossível de conseguir no cravo. Em 1795, na celebração do aniversário de Jorge III da Inglaterra, usou-se um piano no lugar do tradicional cravo para o acompanhamento do canto. Essa ocasião ficou como a data símbolo em que o cravo passou a ser considerado antiquado e obsoleto. Veio o esquecimento e durante um século o cravo passou à condição de peça de museu. Muitos cravos tiveram seu mecanismo retirado para aproveitar a caixa e transformá-los em pianos. Na França, por serem considerados instrumentos da nobreza, foram confiscados e queimados durante a revolução francesa.
A ressurreição do cravo ocorreu no início do século XX, quando a pianista polonesa Wanda Landowska, apaixonada pelos antigos mestres, decidiu revivê-los usando o cravo, para o qual haviam composto. Como primeiro passo, dedicou-se pessoalmente à reconstituição do instrumento, do qual se tornou a maior executante, e seus concertos acabaram por atrair muitos músicos para o cravo. Um de seus alunos mais famosos foi o americano Ralph Kirkpatrick. No Brasil, Roberto de Regina tornou-se o maior instrumentista e incentivador do cravo.
A arte de bem tocar um cravo é um constante desafio para o intérprete, mesmo para os mais habituados à música dos mestres antigos. O cravo requer uma técnica de execução especial, completamente diferente da execução pianística. O cravista não pode usar o peso das mãos ou dos braços, nem tentar percutir a nota com maior ou menor força. Toda a técnica clavecinística repousa na obtenção de um legato perfeito básico, sobre o qual todas as nuanças, desde o molto legato ao molto staccato se farão sentir com nitidez. A registração e a riquíssima variedade de ornamentação legada pelo gosto da época completam os recursos do intérprete, que deverá ter, além de grande sensibilidade, a habilidade de expressar a estrutura vertical de um movimento de música pela exposição de suas várias seções em diferentes timbres ou em diversos níveis dinâmicos, como também sublinhar os elementos horizontais e vestir cada voz com uma cor específica.
Pertencem à família do cravo a espineta, pequeno instrumento de forma triangular ou quadrangular e lados irregulares; o virginal, geralmente sem pés e colocado sobre a mesa; e a oitavina, o menor de todos, sempre colocado sobre a mesa. Esses instrumentos não ofereciam a possibilidade de registração do cravo, por terem apenas um jogo de cordas e saltadores, e portanto um único timbre. Esses foram os instrumentos de teclas mais importantes entre 1500 e 1800. O cravo, de maiores dimensões, era geralmente dotado de dois teclados, aos quais podiam juntar-se tastos - filetes metálicos que marcam a posição em que o executante deve colocar os dedos - para fazer variar o tom das cordas.
Não se deve incluir o clavicórdio na família do cravo. O clavicórdio é contemporâneo do cravo, sua forma é semelhante à do virginal, mas a produção do som se faz por mecanismo inteiramente diverso: ao tocarem a corda, tangentes de metal determinam seu comprimento vibrante e produzem um som quase inaudível, mas de grande beleza e com a possibilidade de nuanças dinâmicas e também de vibrato.
Matéria publicada na EmDiv Magazine Kindle Edition - Agosto 2011
Para melhor apreciarmos a sonoridade deste belo instrumento não deixe de ouvir de Johann Sebastian Bach o Concerto para Cravo nº 1 BWV 1052

sábado, 14 de dezembro de 2013

A Arte de Vicky Mount

Vicky Mount trabalha e vive em Edimburgo, na Escócia com o marido, duas filhas, dois gatos e um cachorro.
Vicky é um artista estabelecido que vive e trabalha em Edimburgo. Suas pinturas a óleo representam a estranheza e o amor da vida cotidiana.
Vicky Mount: "Se eu tivesse que dizer o que minhas pinturas são sobre de forma resumida, eu diria que eles são sobre o amor, o trabalho, a morte e a amizade, solidão e saudade, fugir ... e esperança ... e .. . vou precisar de resumo maior."
Eu espero que você goste do que vê.